O papel dos fundos de pensão na Educação Financeira

Artigo Tadashi Yamashita

Por: Tadashi Yamashita.

Como presidente do Conselho Deliberativo da Prevcummins, previdência privada complementar da Cummins (fabricante americana de motores diesel), por 24 anos, notei que pessoas mais jovens mostram enorme resistência em contribuir com o Fundo de Pensão oferecido pelas empresas e costumam optar por não fazer contribuições a essas Entidades. Percebi também que os participantes que trabalham na área fabril, por falta de conhecimento, acabam fazendo investimentos de forma equivocada.

É comum ouvir, tanto na Entidade quanto na patrocinadora, a expressão PPA – Plano de Preparação para a Aposentadoria. Trata-se de uma reunião na qual os colaboradores prestes a se aposentar são convidados a participar junto com os seus respectivos cônjuges. Durante o encontro, são oferecidos cursos de Educação Financeira e sessões focadas em aspectos psicológicos, visto que o casal começará uma nova fase de vida, passando a conviver no dia a dia praticamente o tempo todo. 

Os resultados desses eventos são extremamente positivos, pois acabam estimulando os participantes a fazerem contribuições, melhorando o valor a ser recebido na aposentadoria. No entanto, cheguei a conclusão de que o PPA é oferecido tardiamente, quando o colaborador já está à beira da aposentadoria e qualquer ação em relação aos novos investimentos terá um impacto relativamente pequeno no valor da sua aposentadoria.

O PPA é importante, mas acredito que as patrocinadoras e as Entidades deveriam oferecer cursos de Educação Financeira a todos os colaboradores desde o início da carreira. Vale aqui voltar à constatação anterior de que os colaboradores mais jovens, em geral aqueles com menos de 30 anos, são os que menos contribuem para a previdência privada. Por que isso acontece? Existem diversos motivos. Um deles é que os jovens executivos não pretendem permanecer por muito tempo na empresa patrocinadora. Eles tendem a pedir demissão se a progressão de sua carreira não atender às suas expectativas. Neste caso, a previdência privada complementar que as empresas utilizam como fator de retenção na empresa acaba não funcionando.

Eu me aposentei após 36 anos de trabalho, contribuindo pelo teto durante os últimos 30 anos de serviço. Atualmente, recebo uma aposentadoria de R$ 4.700,00. Imaginem se eu não tivesse contribuído para o plano de previdência privada oferecido pela patrocinadora? Como um alto dirigente de uma empresa conseguiria manter o padrão de vida da ativa recebendo apenas o valor do INSS? Ao apresentar meus dados reais em vez de números teóricos, quando ministro meus cursos de Educação Financeira, percebo uma mudança significativa na postura dos jovens executivos em relação aos investimentos em previdência privada.

Outro aspecto importante é o “matching” realizado pelas patrocinadoras sobre o valor contribuído pelos colaboradores. Esse “matching” tem ficado na média em torno de 100%. Não há nenhum país no mundo, com economia estável, no qual se possa conseguir um rendimento de 100% no momento zero. Como exemplo, se o colaborador contribuir mensalmente com 6% de seu salário, então a empresa contribui também com 6% do salário. Essa contribuição de 6% feita pela empresa é conhecida como “matching”. Existem regras a serem cumpridas para receber as contribuições feitas pelas patrocinadoras. Uma delas é o prazo mínimo de permanência na empresa. Fora isso, as entidades estabelecem uma tabela que vincula o tempo de serviço ao valor a ser recebido pelo colaborador ao deixar a empresa ou começar a receber a aposentadoria. Quando a taxa Selic estava em 2% a.a, seriam necessários 35 anos para alcançar os rendimentos de 100%. Obviamente, se a taxa Selic estiver em cerca de 14% a.a., ainda serão necessários cerca de 5 anos e alguns meses para atingir os 100%. 

Outro aspecto importante é o benefício fiscal relacionado ao limite de 12%, dedutível do Imposto de Renda. Pagar menos IR ao contribuir com a previdência privada complementar é essencial para aumentar o valor da aposentadoria. A outra dica é fazer a escolha adequada com relação à tabela progressiva e a regressiva do Imposto de Renda. Fazendo a opção certa, o participante acaba tendo vantagens tanto na hora de investir como na hora de receber seus benefícios.

Assim, considero fundamental destacar o papel dos Fundos de Pensão na Educação Financeira, esclarecendo todos esses pontos aos participantes e seus familiares.

  • Tadashi Yamashida

    Tadashi Yamashita é contador, economista e conselheiro de empresas e de fundos de pensão. É sócio e Managing Director da TY Marsh Group LLC e da Tadashi Yamashita Consultoria. É Presidente do Conselho Fiscal da ANESPP.

Compartilhe:

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da ANESPP e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

ANESPP
Visão geral da privacidade

Este site utiliza cookies para que possamos lhe proporcionar a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas no seu navegador e desempenham funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.